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sábado, 12 de janeiro de 2008

Estirpes

Os fumadores são gente de boa estirpe. Passados dez dias é esta a conclusão possível. Rapidamente interiorizaram as novas normas e deixamos de os ver a fumar nos locais proibidos.

Gente de valor, cumpridora da lei.

Mas se são cumpridores da lei e continuamos a ver excessos de velocidade, estacionamento em locais proibidos, condução sem cinto ou a falar ao telemóvel, só podemos, lateralmente, concluir uma coisa: são os não fumadores.

Gente fundamentalista, incumpridora da lei.

Um dos problemas do fundamentalismo é a irracionalidade. E a aplicação da Lei do Tabaco está eivada de situações caricatas.

A primeira, logo nos primeiros dias, terá acontecido quando o dono de um bar chamou a Polícia por causa de um cliente que estava a fumar e acabou multado porque não tinha colocado os dísticos. O cliente fumador entretanto tinha desaparecido.

O facto de o indivíduo estar a fumar num local fechado é, aparentemente, uma excepção que confirma que o cumprimento da lei foi uma qualidade da grande maioria e não uma inevitabilidade. Mas, como não havia dísticos, nem se terá tratado de uma verdadeira excepção ao cumprimento da lei.

Se compararmos com o estacionamento em local proibido ou em cima do passeio, será de notar que normalmente demora mais tempo do que um cigarro a um fumador. Assim, a Polícia terá tempo de lá chegar e multar. Acreditar que um fumador ainda lá está quando a Polícia chega é que é irracional...

Outra situação caricata. Não se vê fumo nos parques de estacionamento cobertos. Pelo menos dos fumadores. Mas ainda se vê condutores a seguirem por pequenos troços de sentido proibido, só porque fica mais perto da saída, ou porque há fila na outra via.

Como se espera controlar os fumadores nesses espaços, se não se controlam os condutores? Ah! Já me lembro. Os fumadores cumprem a lei... Então devem ser os não fumadores que nos aparecem na frente quando a nossa via é a que tem o sentido único correcto...

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