Opiniões e reflexões de cópia livre. Apenas o prazer de pensar mantem-se com o autor...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Há leis e leis...

Lei 37/2007 de 14 de Agosto, a lei que estabelece as normas de protecção dos cidadãos não fumadores e que visa a diminuição ou cessação do seu consumo.

Nada a obstar. Enfim, poder-se-ia comentar a restrição do fumo nos parques de estacionamento coberto, que se aplica aos humanos mas isenta os carros. Mas isso seria apontar o ridículo na lei, o que não favorece a reflexão que pretendo desenvolver.

Até esta lei, muitas outras foram feitas e ainda existem. Todavia, a sua violação é constante, porque impune.

Querem exemplos?

Deitar lixo para o chão. Estacionar em cima do passeio. Fugir aos impostos. Falar ao telemóvel enquanto se conduz. Atravessar a rua a poucos metros da passadeira. Conduzir sem licença nem habilitação. Trabalhadores a fazer horas extraordinárias que não são pagas. Estacionar em zona proibida. Usar de linguagem obscena em lugar público. Conduzir em excesso de velocidade. Estabelecimentos abertos para além da hora estabelecida. Poluição sonora diurna e nocturna.

Quantos, no espírito de que todos têm o direito de exigir o cumprimento da Lei 37/2007 de 14 de Agosto, vão fazer valer esses seus direitos, mas incumprem nas outras regras?

Poderemos telefonar para a PSP quando virmos um carro em cima do passeio? E a PSP está dotada de números de telefone habilitados a receber estas chamadas?

A Lei 37/2007 de 14 de Agosto vai vingar? Espero que sim. E as outras?

Não há diferença nos danos. Nos outros, o fumo do cigarro lesa, incomoda, acresce riscos. Estacionar em cima do passeio também. Exigir trabalho extraordinário sem o correspondente pagamento, igualmente.

Denunciar um fumador até pode proporcionar aplausos de muita gente. E denunciar o nosso patrão? Ou o incerto que passou às duas horas da manhã com o rádio do carro a dar música a todos os moradores num raio alargado?

Será que o respeito pela Lei 37/2007 de 14 de Agosto vai fazer com que todos nós olhemos para as outras leis e as queremos ver cumpridas? Estaremos disponíveis para contactar as autoridades competentes quando virmos alguém a deitar lixo para o chão? Ou a falar ao telemóvel enquanto conduz?

Ficaremos parados no passeio enquanto não vier o reboque da polícia para levar o carro que nos obriga a desviar do passeio e a andar na rua? E a Polícia começará de facto a fazer alguma coisa?

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Jantares em saldo

Uma Escola fez correr uma lista para professores e funcionários increverem-se no seu jantar de Natal. Havia um custo associado que cada um deveria pagar.

Como a lista voltou ao Conselho Exectivo quase em branco e o jantar corria o risco de ser um fracasso ou nem ser realizado, a lista foi colocada novamente a circular, mas com um desconto de 50%.

Mais alguns se associaram. Segundo consta, auxiliares de acção educativa.

Surpresa? Não. Outros serviços públicos até passaram a lista de um custo inicial para um jantar sem custo, sem preço, totalmente oferecido, e a adesão continuou nula.

Andam a servir muito mal nos jantares de Natal...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Eça agora!












Comentários desnecessários...

domingo, 2 de dezembro de 2007

Política educativa

A tutela da Educação na Região Autónoma dos Açores declarou recentemente nada ter feito que gerasse um ambiente de facilitismo nas escolas.

Lastimavelmente, o Secretário Regional da Educação ousa proferir essa declaração porque sabe que nenhum professor atrever-se-á a contrariá-lo, sendo o seu intuito dirigir-se aos eleitores encarregados de educação.

Todavia não previu que alguns entendem as suas palavras e conhecem a realidade do que se passa nas Escolas.

Terei que referir alguns factos ocorridos para entender-se do que falo.

Facto 1
Quando se leva um aluno à presença do órgão máximo da escola no sentido de o repreender e agir correctivamente, e depois do aluno ter ouvido umas palavras sai dizendo que está tudo sob controlo, facilitou-se.

Facto 2
Quando se alertou para o comportamento cleptómano recorrente de um aluno e, assobiando para o lado, o órgão máximo da escola coloca-o em estágio numa grande superfície, onde acaba por ser expulso pelo mesmo motivo, facilitou-se.

Facto 3
Quando se chega ao extremo do órgão máximo de uma escola ser confrontado pelos pais devido ao comportamento dos alunos, dizendo estes que o indivíduo não tem pulso para o lugar, já se vem facilitando à muito tempo.

Facto 4
Quando pais pedem que o seu filho seja retido, porque acham que ele não tem conhecimentos nem maturidade para progredir e nisso têm que colocar todo o seu esforço porque esbarram na resistência do órgão máximo da Escola, há uma intenção esforçada de facilitar.

Facto 5
Quando os alunos se passeiam nos corredores dos edifícios, perturbando aulas, dizendo palavrões, agredindo verbalmente professores (quando não fisicamente), já se assiste à rotina do facilitismo instalado.

Poderia referir mais factos ocorridos e poderei nomear Escolas, responsáveis, professores, encarregados de educação e alunos envolvidos. Poderei até entregar, a quem tenha real interesse nisso e que faça qualquer coisa para resolver o problema, registos audio e video. Mas coloco nessa entrega sérias reservas. Muitos dos que não fazem algo para corrigir o problema já estão desautorizados pela tutela, impedidos de agir.

Pelo rumo seguido, a solução dos problemas da Educação já não se faz por decreto. Instalou-se uma mentalidade que, infelizmente, vai durar anos a corrigir. Anos que terão de ser somados aos que ainda vão decorrer até que alguém, talvez uma nova tutela, faça o que é preciso fazer.

Uma nova tutela que não se preocupe com os números do sucesso, mas sim com as reais competências adquiridas pelos alunos. Alguém que perceba que parte do problema começa nas próprias casas dos alunos, de onde saem sem objectivos traçados e com níveis de educação, de saber estar, de sentido de responsabilidade, muito insuficientes.

Uma nova tutela que aceite que a educação não é um divertimento. Exige sacrifícios aos alunos e aos seus pais.
Aprender doi...

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Teoria de Conspiração 1 - Greves na Administração Pública

Lendo nas entrelinhas das últimas greves da Função Pública concluo que há conspiração.

Há conspiração entre Governo e Sindicatos para concretizarem-se as greves, pois as formas de luta dos sindicatos não se inovam e o Governo estimula-as.

Nos dias antes das greves há sempre declarações de membros do Governo ou de responsáveis do partido que o sustenta que são "motivadoras" da greve. Foram aumentos dos transportes no dia antes da greve, foram declarações de intransigência, foram expressões minimizadoras do direito à greve que provocam efeito contrário, foram manobras de pressão que intecionalmente não têm efeito mas irritam.

Se o Governo pudesse fazer lock-out, fazia.

Aqui e ali, lá vai poupando um dia de salários. Haverá sectores em que provavelmente um dia de greve prejudica. Nos outros... Ter trabalhadores que não trabalham a fazer um dia de greve, não representará certamente prejuízo.

Os sindicatos, só por ingenuidade ou compadrio estão a alinhar em greves que não atingem objectivos nem resultados, mas ridicularizam ainda mais os trabalhadores. Não haverá aqui alguma conspiração?

Quando se falam em novos paradigmas de desenvolvimento, porque se continua a insistir nas mesmas formas de luta?

Uma greve a todos os dias úteis de uma semana (ou de um mês) produziria mais resultado, porquanto os serviços, em vez de pararem um dia, funcionariam mal durante uma semana (ou um mês). Os funcionários não teriam de fazer greve todos os dias, mas faltando sempre alguém que contribui para o processo, os serviços iriam reflectir esse efeito.

Uma greve por sectores, como se fazem nas fábricas, parando um sector em cada dia, conseguirá mais efeitos do que uma greve de todos os sectores num só dia.

Mas quererão os sindicatos enveredar por outras formas de luta? Penso que não, pois se o quisessem já o teriam feito...

domingo, 25 de novembro de 2007

Julgamento precoce

A revista Nature acaba de divulgar um estudo de investigadores americanos que revela que os bebés são capazes de julgar o carácter das pessoas, mesmo quando não são afectados directamente por elas.

Agora compreendo porque a minha sobrinha, então com nove meses, chorava quando via a cara do José Sócrates na televisão, era ele apenas um comentador...

sábado, 24 de novembro de 2007

Velhas políticas, novos estilos

O antigo regime foi acusado de obscurantista. O acesso à educação estava limitado pelo poder económico dos pais, particularmente aos níveis mais elevados. Alegadamente porque quem não tinha formação seria menos crítico, o que permitiria manter o status quo do regime.

Agora, porque o acesso aos vários níveis de formação está mais facilitado e mais apoiado, aliado à liberdade de expressão dará aos cidadãos mais poder de argumentação, de crítica democrática e de entendimento da realidade.

Pura ilusão. O sistema, porque facilitador, gera cidadãos com liberdade de expressão mas sem qualquer entendimento ou capacidade de crítica. Serão papagaios de críticas que ouvem, mas sem competência argumentativa.

A ausência de uma cultura de exigência na formação, conduz à falsa ideia de se saber o que não se sabe.

O obscurantismo de outros tempos enfeita-se agora de certificados e diplomas. É concretizado de forma mais perversa, porque ilude os cidadãos e desresponsabiliza os governantes...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

eEscolas e o Governo

As operadoras de telemóveis, para obterem a concessão do 3G, comprometeram-se apoiar o Governo numa campanha de distribuição de computadores a preços baixos.

Desconhecendo pormenores, a ideia genérica foi essa. Não conheço os exactos termos do acordo, mas se corresponde à implementação que conhecemos, houve ingenuidade ou maquinação.

Há a constituição de um cartel, não ao nível dos preços dos equipamentos, mas ao nível do compromisso que amarra os consumidores durante três anos.

Durante três anos muitas soluções tecnológicas diferentes poderão surgir. Nestes três anos pode continuar-se a verificar a constante perda de poder de compra das famílias. Nestes três anos os compromissos das famílias podem agravar-se (como se espera que aconteça).

Nas restrições que as famílias podem querer fazer, deixa de poder incluir-se a ligação à internet como um consumo a reduzir. Pelo menos durante os três anos.

O que tem de mal o compromisso de três anos? Tudo. É a nódoa num projecto que poderia ser efectivamente uma benção.

O "patrocínio" do Governo ao compromisso de fidelidade foi infeliz e, envolvido nas campanhas propagandísticas dos choques tecnológicos, não se demarca. Insiste.

Quando já muitos perceberam que existem outras soluções, porventura a exigirem um maior esforço numa fase inicial, mas que não acabam num "barato que sai caro", continua o Governo a mandar circulares e a incentivar alunos e professores a aderirem, continua a estar presente, com comitivas, em espectáculos de distribuição de equipamentos, continua a alimentar o cartel que incentivou, usando para tal recursos que são públicos, que são de todos nós.

Não abordo as opções técnicas das ofertas, que sendo baratas nos equipamentos, são fracas no compromisso dos três anos, com uma solução em que muitos irão querer fazer um upgrade para outros tarifários, mais eficazes em termos tecnológicos, mas também mais caros no compromisso.

Quando ouço pais e professores a dizerem que inicialmente tinham pensado aderir, mas depois desistiram, antevejo um fiasco.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Duelo da desgraça

Quando a raça dos políticos se entretem perante os holofotes, há a promessa de um triste espectáculo triste.

Triste porque nada resolve, mas prolonga a tristeza do seu povo.

O debate parlamentar e o mega anunciado duelo entre Santana e Sócrates enquadra-se perfeitamente.

Os reais problemas das pessoas não serão certamente os passados pessoais e políticos dos antagonistas. Devendo ser a causa e consequência do debate, são mantidos à margem do conteúdo e longe dos pensamentos e argumentos.

Triste povo de um desesperançado país...

domingo, 4 de novembro de 2007

Tanto e tão pouco

Numa sociedade amordaçada, qualquer opinião é criminosa.

A discordante é arruaceira, pecaminosa, demagógica, manipuladora e até pouco séria.

A outra, se não pecar pela forma, é graxista, situacionista, conformista...

Nessa sociedade a opinião nunca é o que é: tão-só uma opinião.

Quando a "verdade" de quem governa não é compreendida pelo seu povo, mantendo-se a propaganda e os seus gastos inalterados, então a dor, o sofrimento e o sacrifício elucidou tristemente quem confiou por não compreender.

Depois de tanta propaganda e tantos propalados sucessos, o povo vê-se a cada dia em pior situação...