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domingo, 2 de dezembro de 2007

Política educativa

A tutela da Educação na Região Autónoma dos Açores declarou recentemente nada ter feito que gerasse um ambiente de facilitismo nas escolas.

Lastimavelmente, o Secretário Regional da Educação ousa proferir essa declaração porque sabe que nenhum professor atrever-se-á a contrariá-lo, sendo o seu intuito dirigir-se aos eleitores encarregados de educação.

Todavia não previu que alguns entendem as suas palavras e conhecem a realidade do que se passa nas Escolas.

Terei que referir alguns factos ocorridos para entender-se do que falo.

Facto 1
Quando se leva um aluno à presença do órgão máximo da escola no sentido de o repreender e agir correctivamente, e depois do aluno ter ouvido umas palavras sai dizendo que está tudo sob controlo, facilitou-se.

Facto 2
Quando se alertou para o comportamento cleptómano recorrente de um aluno e, assobiando para o lado, o órgão máximo da escola coloca-o em estágio numa grande superfície, onde acaba por ser expulso pelo mesmo motivo, facilitou-se.

Facto 3
Quando se chega ao extremo do órgão máximo de uma escola ser confrontado pelos pais devido ao comportamento dos alunos, dizendo estes que o indivíduo não tem pulso para o lugar, já se vem facilitando à muito tempo.

Facto 4
Quando pais pedem que o seu filho seja retido, porque acham que ele não tem conhecimentos nem maturidade para progredir e nisso têm que colocar todo o seu esforço porque esbarram na resistência do órgão máximo da Escola, há uma intenção esforçada de facilitar.

Facto 5
Quando os alunos se passeiam nos corredores dos edifícios, perturbando aulas, dizendo palavrões, agredindo verbalmente professores (quando não fisicamente), já se assiste à rotina do facilitismo instalado.

Poderia referir mais factos ocorridos e poderei nomear Escolas, responsáveis, professores, encarregados de educação e alunos envolvidos. Poderei até entregar, a quem tenha real interesse nisso e que faça qualquer coisa para resolver o problema, registos audio e video. Mas coloco nessa entrega sérias reservas. Muitos dos que não fazem algo para corrigir o problema já estão desautorizados pela tutela, impedidos de agir.

Pelo rumo seguido, a solução dos problemas da Educação já não se faz por decreto. Instalou-se uma mentalidade que, infelizmente, vai durar anos a corrigir. Anos que terão de ser somados aos que ainda vão decorrer até que alguém, talvez uma nova tutela, faça o que é preciso fazer.

Uma nova tutela que não se preocupe com os números do sucesso, mas sim com as reais competências adquiridas pelos alunos. Alguém que perceba que parte do problema começa nas próprias casas dos alunos, de onde saem sem objectivos traçados e com níveis de educação, de saber estar, de sentido de responsabilidade, muito insuficientes.

Uma nova tutela que aceite que a educação não é um divertimento. Exige sacrifícios aos alunos e aos seus pais.
Aprender doi...

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