Opiniões e reflexões de cópia livre. Apenas o prazer de pensar mantem-se com o autor...

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Teoria de Conspiração 1 - Greves na Administração Pública

Lendo nas entrelinhas das últimas greves da Função Pública concluo que há conspiração.

Há conspiração entre Governo e Sindicatos para concretizarem-se as greves, pois as formas de luta dos sindicatos não se inovam e o Governo estimula-as.

Nos dias antes das greves há sempre declarações de membros do Governo ou de responsáveis do partido que o sustenta que são "motivadoras" da greve. Foram aumentos dos transportes no dia antes da greve, foram declarações de intransigência, foram expressões minimizadoras do direito à greve que provocam efeito contrário, foram manobras de pressão que intecionalmente não têm efeito mas irritam.

Se o Governo pudesse fazer lock-out, fazia.

Aqui e ali, lá vai poupando um dia de salários. Haverá sectores em que provavelmente um dia de greve prejudica. Nos outros... Ter trabalhadores que não trabalham a fazer um dia de greve, não representará certamente prejuízo.

Os sindicatos, só por ingenuidade ou compadrio estão a alinhar em greves que não atingem objectivos nem resultados, mas ridicularizam ainda mais os trabalhadores. Não haverá aqui alguma conspiração?

Quando se falam em novos paradigmas de desenvolvimento, porque se continua a insistir nas mesmas formas de luta?

Uma greve a todos os dias úteis de uma semana (ou de um mês) produziria mais resultado, porquanto os serviços, em vez de pararem um dia, funcionariam mal durante uma semana (ou um mês). Os funcionários não teriam de fazer greve todos os dias, mas faltando sempre alguém que contribui para o processo, os serviços iriam reflectir esse efeito.

Uma greve por sectores, como se fazem nas fábricas, parando um sector em cada dia, conseguirá mais efeitos do que uma greve de todos os sectores num só dia.

Mas quererão os sindicatos enveredar por outras formas de luta? Penso que não, pois se o quisessem já o teriam feito...

domingo, 25 de novembro de 2007

Julgamento precoce

A revista Nature acaba de divulgar um estudo de investigadores americanos que revela que os bebés são capazes de julgar o carácter das pessoas, mesmo quando não são afectados directamente por elas.

Agora compreendo porque a minha sobrinha, então com nove meses, chorava quando via a cara do José Sócrates na televisão, era ele apenas um comentador...

sábado, 24 de novembro de 2007

Velhas políticas, novos estilos

O antigo regime foi acusado de obscurantista. O acesso à educação estava limitado pelo poder económico dos pais, particularmente aos níveis mais elevados. Alegadamente porque quem não tinha formação seria menos crítico, o que permitiria manter o status quo do regime.

Agora, porque o acesso aos vários níveis de formação está mais facilitado e mais apoiado, aliado à liberdade de expressão dará aos cidadãos mais poder de argumentação, de crítica democrática e de entendimento da realidade.

Pura ilusão. O sistema, porque facilitador, gera cidadãos com liberdade de expressão mas sem qualquer entendimento ou capacidade de crítica. Serão papagaios de críticas que ouvem, mas sem competência argumentativa.

A ausência de uma cultura de exigência na formação, conduz à falsa ideia de se saber o que não se sabe.

O obscurantismo de outros tempos enfeita-se agora de certificados e diplomas. É concretizado de forma mais perversa, porque ilude os cidadãos e desresponsabiliza os governantes...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

eEscolas e o Governo

As operadoras de telemóveis, para obterem a concessão do 3G, comprometeram-se apoiar o Governo numa campanha de distribuição de computadores a preços baixos.

Desconhecendo pormenores, a ideia genérica foi essa. Não conheço os exactos termos do acordo, mas se corresponde à implementação que conhecemos, houve ingenuidade ou maquinação.

Há a constituição de um cartel, não ao nível dos preços dos equipamentos, mas ao nível do compromisso que amarra os consumidores durante três anos.

Durante três anos muitas soluções tecnológicas diferentes poderão surgir. Nestes três anos pode continuar-se a verificar a constante perda de poder de compra das famílias. Nestes três anos os compromissos das famílias podem agravar-se (como se espera que aconteça).

Nas restrições que as famílias podem querer fazer, deixa de poder incluir-se a ligação à internet como um consumo a reduzir. Pelo menos durante os três anos.

O que tem de mal o compromisso de três anos? Tudo. É a nódoa num projecto que poderia ser efectivamente uma benção.

O "patrocínio" do Governo ao compromisso de fidelidade foi infeliz e, envolvido nas campanhas propagandísticas dos choques tecnológicos, não se demarca. Insiste.

Quando já muitos perceberam que existem outras soluções, porventura a exigirem um maior esforço numa fase inicial, mas que não acabam num "barato que sai caro", continua o Governo a mandar circulares e a incentivar alunos e professores a aderirem, continua a estar presente, com comitivas, em espectáculos de distribuição de equipamentos, continua a alimentar o cartel que incentivou, usando para tal recursos que são públicos, que são de todos nós.

Não abordo as opções técnicas das ofertas, que sendo baratas nos equipamentos, são fracas no compromisso dos três anos, com uma solução em que muitos irão querer fazer um upgrade para outros tarifários, mais eficazes em termos tecnológicos, mas também mais caros no compromisso.

Quando ouço pais e professores a dizerem que inicialmente tinham pensado aderir, mas depois desistiram, antevejo um fiasco.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Duelo da desgraça

Quando a raça dos políticos se entretem perante os holofotes, há a promessa de um triste espectáculo triste.

Triste porque nada resolve, mas prolonga a tristeza do seu povo.

O debate parlamentar e o mega anunciado duelo entre Santana e Sócrates enquadra-se perfeitamente.

Os reais problemas das pessoas não serão certamente os passados pessoais e políticos dos antagonistas. Devendo ser a causa e consequência do debate, são mantidos à margem do conteúdo e longe dos pensamentos e argumentos.

Triste povo de um desesperançado país...

domingo, 4 de novembro de 2007

Tanto e tão pouco

Numa sociedade amordaçada, qualquer opinião é criminosa.

A discordante é arruaceira, pecaminosa, demagógica, manipuladora e até pouco séria.

A outra, se não pecar pela forma, é graxista, situacionista, conformista...

Nessa sociedade a opinião nunca é o que é: tão-só uma opinião.

Quando a "verdade" de quem governa não é compreendida pelo seu povo, mantendo-se a propaganda e os seus gastos inalterados, então a dor, o sofrimento e o sacrifício elucidou tristemente quem confiou por não compreender.

Depois de tanta propaganda e tantos propalados sucessos, o povo vê-se a cada dia em pior situação...